Mestre Raimundo parte numa quinta de louvor

O Mestre Raimundo Aniceto partiu na noite de uma quinta de louvor. Uma noite de passagem para a eternidade de um artista da tradição popular que atravessou o oceano para mostrar ao velho mundo a nossa sonoridade. Ficamos órfãos de seus passos, pífaro, seu sorriso cativante e sua simplicidade. 86 anos de vida e 80 anos de ingresso na musicalidade nativa dos índios Kariri. Vai se unir aos irmãos e aos primeiros integrantes da Banda dos Irmãos Aniceto, cuja terra natal faziam questão de divulgar. No zabumba podia ser visto em letras garrafais o nome da cidade: Crato – Ceará. Eles conheceram o Brasil e o mundo por conta da reprodução dos sons da nossa natureza que encantou os daqui e de além-mar. A morte do mestre Raimundo Aniceto logo se espalhou pelo mundo. O jornal espanhol El País estampou na sua versão on line: “Morre Raimundo Aniceto, o eterno mestre da banda cabaçal e força motriz da cultura popular”. Com o texto da jornalista Beatriz Jucá, da sucursal São Paulo e foto do paraibano Augusto Pessoa, o periódico destacou que “o mais velho integrante do grupo Irmãos Aniceto dedicou mais de 80 anos à cultura popular e transformou sua própria casa em museu para preservar a arte de várias gerações de sua família”. “Calou-se o pífano de Raimundo Aniceto. Morreu nesta quinta-feira o mais antigo dos integrantes da banda cabaçal Irmãos Aniceto. Enérgico mestre da cultura popular brasileira, Raimundo exaltava a ancestralidade do Cariri cearense e a magia do sertão na sonoridade do seu pífano e na dança. Vem de uma família que dança e toca há mais de 200 anos, inspirada na observação da natureza e na sonoridade transmitida de pai para filhos pelo ouvido. Raimundo era o último vivo de sua geração do grupo e já dedicava 80 de seus 86 anos à arte popular. Durante décadas, viajou pelo Brasil e pelo exterior para mostrar a força cultural dos seus. Mas nunca se afastou do seu rincão, o Crato”.
Ao repórter João Gabriel Tréz do jornal O Povo, o jornalista professor e pesquisador Gilmar de Carvalho na matéria intitulada; “"Pifeiro dos deuses", Mestre Raimundo Aniceto tem legado celebrado por artistas e autoridades”, afirmou: “Parece que tudo foi dito sobre os Irmãos Aniceto. Não foi”. Diz mais a matéria: “Mestre Raimundo deixa grandezas sem medida para a cultura do Estado. Os Irmãos Aniceto, aponta Gilmar, “formam um grupo ímpar demais para caber nas gavetinhas dos pesquisadores. São muito mais que uma banda cabaçal, ainda que seja uma das mais competentes que estão tocando por aí. Eles dançam e não é uma dança qualquer”. O grupo tradicional traz consigo história centenária que remonta ao período em que o povo indígena Kariri vivia no território onde hoje é a região do Cariri cearense”. Com informações de El País e O Povo Fotos: Augusto Pessoa e Francisco Fontenele

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